O Paradigma da Liquidez Lean 1024 546 Aracira

O Paradigma da Liquidez Lean

Na gestão operacional das indústrias é comum falar-se em ganhos percentuais, quilogramas de matéria-prima processada, quantidade de produto final produzido, horas de funcionamento de máquina, entre muitos outros. Mas no meio disto tudo: onde cabem os euros?
Quando vamos ao supermercado não pagamos a conta em quantidades de produto produzido, em ganhos percentuais ou em horas de funcionamento. Pagamos a conta em dinheiro.

Ora, portanto, é importante percebermos e orientarmos o controlo da gestão em função do dinheiro. Em função da liquidez. E geralmente, é aqui que começa o desafio. Há tempos deparei-me com uma situação caricata e interessante: Fica mais barato deslocar um colaborador para ir buscar amostras a um fornecedor que está a 10km, ou pagar a um transportador para o fazer? A primeira resposta que nos surge e será quase óbvia é a de que compensa deslocar um colaborador. Ele já trabalha na empresa… a empresa tem veículos disponíveis… arranja “ali uma aberta no seu dia” (que todos temos!) e voilá, em 20 ou 30 minutos temos a amostra do fornecedor nas instalações.

Aproveitei então esta simples situação para aprofundar o controlo de gestão. Vamos a contas. Qual é o custo horário do colaborador para a empresa? Aqui incluímos o vencimento do colaborador, os impostos a pagar sobre salários, o subsídio de alimentação, os seguros… enfim, tudo o que tem um impacto direto em liquidez para a empresa. (E não esquecendo um importante detalhe: um colaborador recebe 14 meses mas apenas trabalha e produz valor durante 11 meses, ou seja, o custo total de 14 meses deve ser dividido por 11!)

De seguida, vamos à carrinha onde será feita a deslocação. Calculou-se o custo de combustível necessário para fazer a viagem (o gasóleo já estava no depósito, não se abasteceria o automóvel). No entanto, o veículo também tem desgaste de pneus, desgaste mecânico, faria quilómetros o que significa que reduziria o prazo até à próxima revisão… de facto, é um caso tão pequeno e tão complexo que decidi ignorar todos esses custos e assumir o valor que por lei está tabelado para se pagar a um colaborador caso use o seu carro particular. Ficaria mais caro apurar o custo do que o custo em si.
Por último, e para mim o mais importante, o custo de oportunidade: em que é que o colaborador poderia utilizar essa meia hora que trouxesse valor acrescentado à empresa? Bem, aqui o céu é o limite.

O controlo operacional deve estar sempre relacionado com a liquidez da empresa. Em grande parte dos casos, é fácil ignorarmos o dinheiro porque o impacto não é tangível e é difícil de avaliar. Deixamos levar-nos pela emoção e não pela razão. Não vemos o dinheiro a sair das contas da empresa naquele preciso instante, o que aconteceria com a alternativa de fazer o envio através de transportador (uma vez que teríamos a fatura do transportador e lá estaria descrito um valor a pagar pelo serviço).

A questão é que o dinheiro saiu das contas da empresa na mesma. E provavelmente, em maior quantidade. Estude-se.

Se pretender mais informações sobre a Otimização de Operações na sua empresa, contacte-nos!

Autor: João Gomes